segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Patologia dos Pigmentos - Endógenos

Os pigmentos endógenos são aqueles que têm origem no interior do organismo do indivíduo considerado.

Melanina
Pigmento granular de coloração escura, é possível distingui-la do carvão com água oxigenada - esta torna-se mais clara. É responsável pela cor da pele, cabelo, mucosa oral, cascos e chifres. Pode ser destruida pela oxidação (H2O2).
Melanose: corresponde a um aumento nas células produtoras de melanina, mas que pode desaparecer, não originando complicações. Pode ser visceral ou cutânea. A melanose maculosa é caracterizada como tendo a aparência de um tabuleiro de xadrez, com zonas bem delimitadas, e ocorre tipicamente em jovens, desaparecendo depois sem interferir com a função do órgão, pelo que não tem significado clínico.
Imagem 1: Melanoma na glândula suprarrenal de uma vaca observado microscopicamente (Fonte: http://w3.vet.cornell.edu)
Imagem 2: Melanose maculosa nos pulmões de um porco observados macroscopicamente (Fonte: http://w3.vet.cornell.edu)


Melanoma: surge por neoplasia das células produtoras de melanina, podendo ou não metastizar longe do local onde é normalmente encontrada (pele). 



Imagem 3: Melanoma maligno na mucosa bucal de um cão observada microscopicamente (Fonte: http://w3.vet.cornell.edu) 
 
Imagem 4: Melanoma na pele de um porco adulto (Fonte: http://w3.vet.cornell.edu)


Lipofuscina
Encontra-se principalmente em animais mais velhos, em estado de caquéxia ou com carências em vitamina E.
É um pigmento derivado de lípidos que oxidam dentro dos lisossomas, e tem um comportamento semelhante a estes, corando com os mesmos compostos. São designadas por substâncias sudanófilas. No entanto, mantém-se após a fixação.
Tem uma cor acastanhada e encontra-se dentro das células.
Nas células do músculo cardíaco tem uma disposição característica, acumulando junto aos pólos do núcleo, sendo designada por atrofia castanha do miocárdio.
Macroscopicamente, o seu efeito na cor do órgão vai depender da quantidade de pigmento presente, podendo parecer castanho ou preto. Assim sendo, é mais facilmente visível em órgãos de tonalidades mais claras, como o pulmão.
Microscopicamente, encontram-se grânulos castanhos negativos ao ferro no citoplasma das células ou junto aos pólos do núcleo (no caso das células do músculo cardíaco).

Imagem 5: Lipofucsina no miocárdio observada microscopicamente (Fonte: http://www.fmv.utl.pt/atlas)
Imagem 6: Lipofucsina no cérebro de uma ovelha observada macroscopicamente (Fonte: http://w3.vet.cornell.edu)

Pigmentos derivados da Hemoglobina
  • Com ferro
 Hemossiderina: de coloração acastanhada, é comum em situações de hemorragia. Pode ser encontrada dentro de macrófagos. Através da coloração com azul da Prússia é possível dar cor ao Ferro. Pode ser localizada, em casos de congestão passiva, ou generalizada, encontrando-se distribuída por muitos órgãos ou tecidos.
Hemossiderose - deposição de hemossiderina nos tecidos.
Hemocromatose - resulta da deposição de pigmentos principalmente em células parenquimatosas, quando o intestino absorve muito ferro ou há uma menor presença de cobre ou cobalto.
Imagem 7: Pigmentos de hemossiderina no testículo de um touro
observado microscopicamente (Fonte: http://w3.vet.cornell.edu)

Imagem 8: Impregnação siderocálcica no baço de um cão. Observam placa correspondentes a calcificações e a impregnação por hemossiderina (Fonte: http://intranet.fmv.utl.pt/atlas).

  • Sem ferro
Hematoidinas: Precipita quando há um pH ácido ou alcalino, com cores diferentes, formando cristais em estrela.
Imagem 9: Hematoidinas observadas ao microscópio (Fonte: http://files.forensicmed.webnode.com)

Hematinas: Precipita quando há um pH ácido/alcalino, podendo adquirir cores diferentes.
Porfirinas: Pode ter uma causa congénita ou não. É provocada pela deficiência numa enzima que leva à malformação do grupo heme da hemoglobina, e a sua acção leva a uma maior sensibilidade à radiação UV (origina queimaduras mais facilmente). Os dentes adquirem uma cor acastanhada.
Imagem 10: Porfirinas observadas microscopicamente (Fonte: http://dermatology.cdlib.org)
Imagem 11: Lesões nas faces, nariz e olhos de um
rato com porfirinas (Fonte: http://ratballs.com)
Imagem 12: Rato com porfirinas com os dentes de
coloração acastanhada(Fonte: http://ratballs.com)
Imagem 13: Porfiria num bovino (Fonte: http://w3.vet.cornell.edu/nst)

Pigmentos biliares: Estes pigmentos correspondem à bilirrubina, conjugada ou não. A conjugação deste pigmento ocorre no fígado.
Icterícia - acumulação de bilirrubina nos tecidos, que são geralmente produzidos pela degradação da hemoglobulina.
Pode ser pré-hepática (há principalmente bilirrubina não conjugada, podendo uma causa ser a leptospirose, podendo-se observar fezes e urina coradas), hepática (uma lesão hepática pode levar a um bloqueio fluxo da bílis, com acumulação de bilirrubina conjugada e não conjugada) ou pós-hepática (há acumulação de bilirrubina conjugada, encontrando-se os órgãos e tecidos corados mas não as fezes).
Imagem 14: Nefrose colémica com muitos pigmentos biliares nas células tubulares (Fonte: http://www.fmv.utl.pt/atlas)

Imagem 15: Ictrícia observada na mucosa bucal de um cão (Fonte: http://www.fmv.utl.pt)

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