terça-feira, 16 de novembro de 2010

Hemorragia

Quanto à causa:
Pode ser no vaso, ou fora do vaso
Rexis - corte
Diabrose - pela acção de enzimas ou pus (neutrófilos) perto do vaso, necrose
Diapedese - aumento da permeabilidade vascular, toxinas e agentes endoteliotrópicos - bacillus anthraxis, PSA

Tamanho da hemorragia:
Petéquias - pequenas pontuações
Imagem 1: Petéquias no rim de um suíno com peste suína africana (Fonte: http://intranet.fmv.utl.pt/atlas)
Púrpuras - até 1cm de diâmetro
Equimoses - até 2/3cms de diâmetro
Sufusão ou mácula
Imagem 2: Sufusão na região axilar de um leitão por carência de vitamina K (Fonte: http://w3.vet.cornell.edu/nst)
Extravasão
Hematoma - acumulação na cavidade

Quanto à localização:
Epistaxis - nas fossas nasais
Imagem 3: Epistaxis num bovino (Fonte: http://w3.vet.cornell.edu/nst)
Hemoptise - pela boca, vindo do tracto respiratório (expectoração)
Hematemese - pela boca, vindo do tracto digestivo
Enterorragia - No intestino ou ânus, visível nas fezes (se tem coloração escura é uma melena e está mais distante do ânus; de tem uma coloração mais vermelha está mais próximo do ânus)
Imagem 4: Hemorragia intestinal num gato (Fonte: http://intranet.fmv.utl.pt/atlas)

Rectorragia - fezes de coloração vermelha viva
Hematúria - saída de sangue pela urina, lesão no aparelho urinário
Hematoma / hematoquisto - cavidade formada pelo sangue


Superfície/externas
Internas

Idade:
Recente - tem eritrócitos que podem estar um pouco alterados
Antiga - tem principalmente macrófagos com hemossiderina - hemólise e hemossiderina

Intensidade:
Ligeira - não interfere de forma significativa
Moderada
Grave - pode levar a choque hemorrágico, com perda de mais de um terço do sangue total

Macroscopicamente tem uma coloração vermelho vivo / arroxeada
Microscopicamente encontramos glóbulos vermelhos fora dos vasos sanguíneos

Resolução:
Coágulo - organização e fibrose
Infecções microbianas - pus
Aderências / Calcificação

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Inflamação

A inflamação é a resposta do organismo a uma alteração/agente agressor. Provoca geralmente, no local, um aumento da temperatura e o aparecimento de uma cor mais avermelhada (hiperémia), edema (tumefacção), dor (por contracção das terminações nervosas) e perda da função.

Inflamação aguda

É uma resposta inespecífica do organismo ao agente patogénico, semelhante para  diversos agentes agressores.
Caracteriza-se pelo aparecimento de edema exsudado, hiperémia, neutrófilos, proteínas, fibrina e eventualmente macrófagos.
é possível a existência de uma inflamação do tipo mista, ou seja, onde se encontrem características simultâneas das inflamações abaixo referidas.
  • Serosa ou edematosa - todos os elementos estão presentes mas há predominância do edema exsudado; verifica-se quando o agente é pouco patogénico, ou na primeira fase de uma pneumonia.

Figura 1: Inflamação edematosa nos pulmões de um cavalo adulto (Fonte: http://w3.vet.cornell.edu/nst)
  • Mucosa ou catarral - há necrose mais ou menos extensa dos epitélios e produção de muco. Provoca descamação celular. Todos os restantes elementos estão presentes mas em menores quantidades.

Imagem 2: Inflamação catarral no casco de um bovino (Fonte: http://w3.vet.cornell.edu/nst)
  • Fibrinosa - todos os elementos estão presentes mas prevalece a fibrina que pode estar mais ou menos aderente aos tecidos. Dentro deste tipo de inflamação poderemos ainda caracterizá-la como inflamação crupal, quando a pseudo-membrana formada se destaca facilmente, ou como inflamação diftérica, quando há destruição dos tecidos subjacentes., uma vez que a fibrina se encontra nestes. Isto vai depender dos mediadores, e do local e patogeneicidade do agente. Pode ser letal se, por exemplo, obstruir as vias respiratórias.

Imagem 3: Vulva de cabra com inflamação fibrinosa (Fonte: http://w3.vet.cornell.edu/nst)
  • Purulenta - grande acumulação de polimorfonucleares neutrófilos com a formação e predominância de pus.

Imagem 4: Broncopneumonia purulenta (Fonte: http://w3.vet.cornell.edu/nst)
  • Hemorrágica - é causada por um agente causal muito patogénico, levando a um aumento de permeabilidade vascular muito grande. Evolui rapidamente, e pode ter poucos neutrófilos, por o animal ter morrido antes que estes tivessem tempo de lá chegar ou se é disseminada. Ocorre em doenças como a peste suína africana (PSA)
Imagem 5: Linfadenite hemorrágica dos linfonodos mesentéricos
na Peste Suína Africana (Fonte: http://intranet.fmv.utl.pt/atlas)
  


Inflamação crónica
É uma resposta específica do organismo face ao agressor, que se pode iniciar rapidamente. Ocorre geralmente após uma reacção inflamatória aguda ineficaz.
Encontram-se, nesta, linfócitos, plasmócitos, e por vezes neutrófilos ou tecido conjuntivo fibroso.
Ao contrário da inflamação aguda, esta é caracterizada pela existência de edema exsudado ou ocorrência de hiperémia.

Inflamação granulomatosa 
É um tipo especial de inflamação crónica que ocorre em último caso, quando nenhum dos tipos anteriores conseguiu resolver o problema.
Há a acção de células do sistema fagocitário (macrófagos, células de Touton), e epiteliais gigantes (têm a função principal de secretar substãncias). Estas células dispões-se em torno do corpo estranho ou agente patogénico em questão.

Edema

Acumulação anormal de líquidos (rápida -picadas de insecto ou queimaduras- ou lenta -défices nutritivos) compostos de água, sais e proteínas, nos espaços intersticiais ou nas cavidades corporais.

Nomenclatura, quanto à localização:
Hidrotórax (caidade pleural)
Hidropericárdio
Ascite, hidropisia ou hidroperitoneu (cavidade abdominal)
Hidrocelo (testículos)
Hidrocéfalo (encéfalo)
Anasarca (tecido subcutâneo, generalizado)
Elefantiase (membros e órgãos genitais)

Forças de Starling
Pressão hidrostática - relativa ao sangue circulante nos vasos
Pressão oncótica - relativa às proteínas circulantes
Um desequilíbrio nestas duas pressões pode levar à ocorrência de edemas.

  • Transudado (não inflamatório ou hemodinâmico) - deriva de alterações nas pressões; (desequilíbrio nas forças de Starling) é transparente e tem uma baixa quantidade de células e proteínas; tem uma densidade inferior a 1018.
  • Exsudado (ou inflamatório) - é gerado por uma resposta inflamatória aguda que leva a alterações de permeabilidade (pelos seus mediadores);  é relativamente turvo, com bastantes células e proteínas; tem uma densidade superior a 1018.


Pode ser localizado/regional (mais comum, causado por uma obstrução nos vasos sanguíneos ou linfáticos) ou sistémico/generalizado (é chamado anasarca quando é grave, pode derivar de um processo alérgico).

Um edema não inflamatório pode ser provocado por um aumento da pressão hidrostática intravascular (dificuldades de retorno venoso ou dilatação arteriolar), uma diminuição da pressão oncótica por hipoproteinémia, uma maior retenção renal de água/sais (sódio) ou uma obstrução do fluxo linfático.

Macroscopicamente, observa-se um líquido, que em pulmões é espumoso devido à sua mistura com o ar. Este pode também ser sanguinolento, caso esteja relacionado com uma congestão. Os órgãos podem encontrar-se aumentados, mais pesados.
Microscopicamente, há a presença de uma substância rosada. Pode estar presente fibrina, hemácias, leucócitos ou mesmo ocorrer fibrose em casos crónicos.

Imagem 1: Pulmão, microscopicamente, com edema (fonte: http://w3.vet.cornell.edu/nst).

Imagem 2: Pulmão de gato com edema, que lhe confere um aspecto brilhante (Fonte: http://intranet.fmv.utl.pt/atlas)

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Hiperémia ou Congestão Activa

A hiperémia resulta da congestão a nível arterial, resultando numa vasodilatação e num aumento do peso do órgão pela acumulação de sangue dentro dos vasos. É característica da inflamação aguda. Pode haver rebentamento da circulação para a marginação dos leucócitos.

Macroscopicamente, tem uma coloração vermelho vivo (devido ao sangue arterial). À secção de corte há saída de sangue abundante.
Microscopicamente, há uma boa visão dos vasos, que se encontram cheios de sangue e dilatados.


Imagem 1: Hiperémia nos pulmões e coração de um primata (Fonte: http://w3.vet.cornell.edu/nst)


Congestão Passiva ou Estase

Ocorre a acumulação de sangue nas veias. Estas dilatam ficando mais definidas no órgão em que se inserem. Há a dificuldade de retorno do sangue.
Podem ser localizadas (caso a causa seja a obstrução/compressão de vasos) ou generalizadas (resultado de insuficiências cardíacas).
Caso seja uma insuficiência cardíaca do ventrículo esquerdo, acumula-se sangue venoso na pequena circulação, o que pode levar a problemas como um pulmão cardiaco. Caso seja uma uma insuficiência cardiaca do ventriculo direito, pode levar a problemas como o fígado cardiaco por acumulação de sangue venoso na grande circulação.
O efeito prolongado desta acção pode levar a alterações degenerativas, edema, hemorragias e necrose.

Macroscopicamente, o órgão apresenta-se mais volumoso e com uma coloração em tons de vermelho mais escuro.

Imagem 1: Fígado cardíaco de porco observado microscopicamente (Fonte: http://intranet.fmv.utl.pt/atlas).

Imagem 2: Congestão passiva no fígado de um cavalo (Fonte: http://w3.vet.cornell.edu/nst).

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Patologia dos Pigmentos - Endógenos

Os pigmentos endógenos são aqueles que têm origem no interior do organismo do indivíduo considerado.

Melanina
Pigmento granular de coloração escura, é possível distingui-la do carvão com água oxigenada - esta torna-se mais clara. É responsável pela cor da pele, cabelo, mucosa oral, cascos e chifres. Pode ser destruida pela oxidação (H2O2).
Melanose: corresponde a um aumento nas células produtoras de melanina, mas que pode desaparecer, não originando complicações. Pode ser visceral ou cutânea. A melanose maculosa é caracterizada como tendo a aparência de um tabuleiro de xadrez, com zonas bem delimitadas, e ocorre tipicamente em jovens, desaparecendo depois sem interferir com a função do órgão, pelo que não tem significado clínico.
Imagem 1: Melanoma na glândula suprarrenal de uma vaca observado microscopicamente (Fonte: http://w3.vet.cornell.edu)
Imagem 2: Melanose maculosa nos pulmões de um porco observados macroscopicamente (Fonte: http://w3.vet.cornell.edu)


Melanoma: surge por neoplasia das células produtoras de melanina, podendo ou não metastizar longe do local onde é normalmente encontrada (pele). 



Imagem 3: Melanoma maligno na mucosa bucal de um cão observada microscopicamente (Fonte: http://w3.vet.cornell.edu) 
 
Imagem 4: Melanoma na pele de um porco adulto (Fonte: http://w3.vet.cornell.edu)


Lipofuscina
Encontra-se principalmente em animais mais velhos, em estado de caquéxia ou com carências em vitamina E.
É um pigmento derivado de lípidos que oxidam dentro dos lisossomas, e tem um comportamento semelhante a estes, corando com os mesmos compostos. São designadas por substâncias sudanófilas. No entanto, mantém-se após a fixação.
Tem uma cor acastanhada e encontra-se dentro das células.
Nas células do músculo cardíaco tem uma disposição característica, acumulando junto aos pólos do núcleo, sendo designada por atrofia castanha do miocárdio.
Macroscopicamente, o seu efeito na cor do órgão vai depender da quantidade de pigmento presente, podendo parecer castanho ou preto. Assim sendo, é mais facilmente visível em órgãos de tonalidades mais claras, como o pulmão.
Microscopicamente, encontram-se grânulos castanhos negativos ao ferro no citoplasma das células ou junto aos pólos do núcleo (no caso das células do músculo cardíaco).

Imagem 5: Lipofucsina no miocárdio observada microscopicamente (Fonte: http://www.fmv.utl.pt/atlas)
Imagem 6: Lipofucsina no cérebro de uma ovelha observada macroscopicamente (Fonte: http://w3.vet.cornell.edu)

Pigmentos derivados da Hemoglobina
  • Com ferro
 Hemossiderina: de coloração acastanhada, é comum em situações de hemorragia. Pode ser encontrada dentro de macrófagos. Através da coloração com azul da Prússia é possível dar cor ao Ferro. Pode ser localizada, em casos de congestão passiva, ou generalizada, encontrando-se distribuída por muitos órgãos ou tecidos.
Hemossiderose - deposição de hemossiderina nos tecidos.
Hemocromatose - resulta da deposição de pigmentos principalmente em células parenquimatosas, quando o intestino absorve muito ferro ou há uma menor presença de cobre ou cobalto.
Imagem 7: Pigmentos de hemossiderina no testículo de um touro
observado microscopicamente (Fonte: http://w3.vet.cornell.edu)

Imagem 8: Impregnação siderocálcica no baço de um cão. Observam placa correspondentes a calcificações e a impregnação por hemossiderina (Fonte: http://intranet.fmv.utl.pt/atlas).

  • Sem ferro
Hematoidinas: Precipita quando há um pH ácido ou alcalino, com cores diferentes, formando cristais em estrela.
Imagem 9: Hematoidinas observadas ao microscópio (Fonte: http://files.forensicmed.webnode.com)

Hematinas: Precipita quando há um pH ácido/alcalino, podendo adquirir cores diferentes.
Porfirinas: Pode ter uma causa congénita ou não. É provocada pela deficiência numa enzima que leva à malformação do grupo heme da hemoglobina, e a sua acção leva a uma maior sensibilidade à radiação UV (origina queimaduras mais facilmente). Os dentes adquirem uma cor acastanhada.
Imagem 10: Porfirinas observadas microscopicamente (Fonte: http://dermatology.cdlib.org)
Imagem 11: Lesões nas faces, nariz e olhos de um
rato com porfirinas (Fonte: http://ratballs.com)
Imagem 12: Rato com porfirinas com os dentes de
coloração acastanhada(Fonte: http://ratballs.com)
Imagem 13: Porfiria num bovino (Fonte: http://w3.vet.cornell.edu/nst)

Pigmentos biliares: Estes pigmentos correspondem à bilirrubina, conjugada ou não. A conjugação deste pigmento ocorre no fígado.
Icterícia - acumulação de bilirrubina nos tecidos, que são geralmente produzidos pela degradação da hemoglobulina.
Pode ser pré-hepática (há principalmente bilirrubina não conjugada, podendo uma causa ser a leptospirose, podendo-se observar fezes e urina coradas), hepática (uma lesão hepática pode levar a um bloqueio fluxo da bílis, com acumulação de bilirrubina conjugada e não conjugada) ou pós-hepática (há acumulação de bilirrubina conjugada, encontrando-se os órgãos e tecidos corados mas não as fezes).
Imagem 14: Nefrose colémica com muitos pigmentos biliares nas células tubulares (Fonte: http://www.fmv.utl.pt/atlas)

Imagem 15: Ictrícia observada na mucosa bucal de um cão (Fonte: http://www.fmv.utl.pt)

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Patologia dos Pigmentos - Exógenos

Pigmentos: substâncias com cor própria - não precisam da coloração para serem evidenciadas. Encontram-se normalmente no organismo, até mesmo em localizações anormais, bem como em quantidades excessivas ou em défice. Podem dar ou ser origem de alterações funcionais.

EXÓGENOS 


Constituem os pigmentos que têm origem externa ao organismo, ou seja, representam corpos estranhos.
Exemplos destes são o ferro (siderose), carotenos (carotenose), sais de prata (arginismo)/bismuto (bismutismo)/chumbo (plumbismo), sílica (silicose), tatuagens, e o carvão.



Antracose: deve-se à deposição de partículas de carvão. Isto verifica-se principalmente nos pulmões, que as recebem por inalação, mas também nos linfonodos próximos.
Esta situação pode extender-se, originando casos de fibrose ou resposta inflamatória (intensa em casos graves).
Macroscopicamente, observam-se nos pulmões pontuações negras dispersas, e nos linfonodos próximos destes uma coloração escura.
Microscopicamente, há a presença de grânulos negros, de fácil visualização.

Imagem 1: Antracose oservada nos pulmões de um chimpanzé (Fonte: www.fmv.utl.pt/atlas)

Imagem 2: Antracose observada microscopicamente, em pulmão de Cão (fonte: www.fmv.utl.pt/atlas).
Imagem 3: Tatuagem observada microscopicamente (Fonte: http://w3.vet.cornell.edu).
Imagem 4: Tatuagem na pata de um ganso (Fonte: http://offbeatink.com).

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Patologia do Cálcio

Calcificação Patológica

É permanente e irreversível, mas acaba geralmente por ser inócua, salvo excepções (local, intensidade) em que levam a consequências graves (válvulas cardíacas, a nível pulmonar ou renal, ..)  
Macroscopicamente, têm um aspecto branco, endurecido.
Microscopicamente, a sua estrutura é irregular e apresenta uma coloração roxa, ou negra se for usado um corante específico.
 
  • Calcificação Distrófica
É localizada. Há a presença de um substracto anormal, a partir do qual é despoletada a calcificação. É um acontecimento comum em necrose, principalmente de caseificação.
Imagem 1: Calcificação distrófica num tendão (Fonte: http://www.rad.washington.edu)

  • Calcificação Metastática
Sucede em casos de hipercalcémia provocados por osteosarcomas. Há deposição de cálcio em vários locais do organismo (localização difusa), como nas paredes dos vasos e nas mucosas.
Imagem 2: Metástases de osteosarcoma no fígado e baço de um cão (Fonte:http://www.fmv.utl.pt/atlas)




Calcinose Circunscrita (ou gota cálcica)

Não se conhece a causa, mas ocorre principalmente em cães. Há formação de nódulos subcutâneos correspondente a focos de necrose que podem sofrer calcificação.
Macroscopicamente, as formações nodulares podem estar encapsuladas ou não, e são brancas, firmes e duras.
Microscopicamente, é basófilo e pode-se encontrar tecido conjuntivo, células gigantes, neutrófilos ou linfócitos.
   
Imagem 3: Calcinose circunscrita na região pré-escapular de um gato (Fonte: http://www.fmv.utl.pt/atlas)




Cálculos
Ocorrem formações esféricas/ovóides/facetadas, sólidas, geralmente em órgãos ocos, canais/cavidades ou em vasos. 



Falsos Cálculos
Assemelha-se a um cálculo mineral mas não o é, sendo composto de substâncias não minerais. Por exemplo, pêlos, fezes secas ou fibras vegetais.
Encontram-se principalmente no estômago ou no intestino e formam-se ao longo do tempo, sendo compactos, pesados.
Levam a complicações como rupturas ou peritonites quando causam obstruções.
Quanto à sua constituição, são-lhes atribuídos diferentes nomes.
  • Pilobezoários - pêlos - ocorre em Bovinos, Cães e Suínos
  • Fitobezoários - substância/fibras vegetais - ocorre em Equídeos e Ruminantes
  • Fecalomas - material fecal seco
    Imagem 4: Pilobezoários encontrados no rúmen de bezerros (Fonte: http://w3.vet.cornell.edu/nst)


    Imagem 4: Fitobezoário encontrado no cólon de um cavalo (Fonte: http://w3.vet.cornell.edu)
    Imagem 5: Obstrução intestinas devido a um fecaloma numa otária (Fonte: http://intranet.fmv.utl.pt/atlas)

     

domingo, 31 de outubro de 2010

Litíase Úrica

Esta é uma lesão secundária ao metabolismo das purinas, encontrada mais vulgarmente na bexiga e uretra de cães dálmatas.
Ocorrem cálculos em tubos ou cavidades onde existe bastante ácido úrico, predominando este na sua composição (fazem parte destes também outras substâncias, como por exemplo pigmentos).
Forma-se à volta de um corpo estranho, indo o ácido úrico depositar-se e acumular à sua volta. Isto dá-se principalmente em urina ácida, o que reduz a sua solubilidade. Têm uma coloração entre o amarelo e o castanho, sendo firmes, de tamanho variável, mas não muito grandes, podendo a sua forma ser esférica ou irregular.
Imagem 1: Litíase renal num rim de cão (Fonte: http://www.fmv.utl.pt/atlas).

Gota ou Nefrite Urática

A gota é uma lesão secundária às perturbações do metabolismo das purinas, que consiste na deposição de ácido úrico nos tecidos conjuntivos e membranas serosas, sob a forma de cristais de urato de sódio.
Afecta principalmente as articulações (gota articular), pleura, peritoneu e rins (gota visceral)


Na maioria das espécies de mamíferos existe a enzima uricase, que transforma o ácido úrico, que é insolúvel, em alantoína, um composto mais facilmente solúvel e o produto final do metabolismo das purinas.


Na espécie humana e nas aves não há a uricase, e na raça de cão dálmata estes não a usam, daí o produto final do metabolismo ser o ácido úrico, tornando-se nestes espécies mais comum a ocorrência de gota.




As suas causas podem ser genéticas, ou relacionadas com deficiência de vitamina A ou falta de água no organismo. 



O excesso de ácido úrico no sangue vai levar à sua deposição na forma de cristais hidrossolúveis, com a ocorrência de uma reacção granulomatosa. Por esta ser uma substância inerte, vai ocorrer a acção de células do sistema fagocitário que acabam por morrer, levando à libertação de enzimas, com a consequente necrose das células dos tecidos circundantes, e ao aumento na reacção inflamatória.


Microscopicamente
Há focos de necrose com linhas confluentes "vazias" (cristais hidrossolúveis que foram dissolvidos na técnica histológica), rodeados por um granuloma, com a presença de células fagocitárias, linfócitos ou plasmócitos. 


Macroscopicamente
Tem um aspecto esbranquiçado e firme, semelhante a gesso.

Imagem 1: Cristal de urato no fígado de Pituophis catenifer - serpente (Fonte: http://w3.cornell.vet.edu/nst). 
Imagem 2: Gota articular nos membros posteriores de galo (Fonte: http://w3.cornell.vet.edu/nst).

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Amiloidose

É uma doença não muito comum, progressiva, que pode ser irreversível e fatal. Tem várias formas, sendo a "doença dos pezinhos" um exemplo desta, genética e que atinge o sistema nervoso.
A sua origem não é certa, mas pode estar relacionada com a fagocitose de imunocomplexos e proteínas desnaturadas, a degradação enzimática de várias proteínas/polipéptidos e com a exocitose de cadeias leves de globulinas, percursoras da substância amilóide.
Há assim a deposição de substância amilóide, composta predominantemente por uma proteína anormal produzida no organismo, tendo também outras substâncias (carbohidratos, lípidos). A composição química varia no mesmo indivíduo, entre indivíduos e entre espécies.
A substância vai-se acumulando e substituindo as células, impedindo a sua regeneração e alterando a função dos órgãos a que pertecem. Provoca também insuficiência cardíaca e proteinúria.
É mais comum que afecte órgãos do que tecidos isolados, sendos os principais afectados o fígado, o baço, o pâncreas e o intestino, em determinadas regiões.


Tipos de substância amilóide
AL - primitiva, mais comum em humanos. É composta por cadeias leves de imunoglobulinas. Está associada a células B (plasmócitos e linfócitos B)
AA - secundária/sistémica reactiva, mais comum em animais. Deriva de uma proteína percursora que existe normalmente no sangue, a SAA, que é sintetizada no fígado sob influência da citocinas (libertadas durante a resposta inflamatória aguda).

Microscopicamente
Rosado, acidófilo, amorfo, sem estrutura; assemelha-se à substância hialina.
Caso a preparação tenha sido corada com vermelho do Congo, a substância amilóide apresenta a cor laranja.
Imagem 1: Amiloidose num rim observada microscopicamente (Fonte: http://www.fmv.utl.pt/atlas)

Macroscopicamente
Esbranquiçado, de aspecto "atoucinhado", principalmente na polpa vermelha do baço.



Imagem 2: Rim de bovino com amiloidose observado macroscopicamente (Fonte: http://www.fmv.utl.pt/atlas)







Alteração de fibras elásticas

Esta alteração pode levar a casos de Elastose, em que se verifica um aumento na produção de fibras elásticas.


Pode ocorrer:
  • em escleroses;
  • no estroma de tumores, que, tendo a função de nutrir e suportar, acompanha o rápido crescimento das células tumorais deste.
     
  •  
Imagem 1: Elastose no coração de um cão (Fonte: http://w3.vet.cornell.edu/nst)

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Substância hialina

Esta substância tem características hialinas, é relativamente sólida, sem estrutura, amorfa e rica em proteínas (que predominam na sua composição) diversas, tanto normais como anormais, degradadas, e possuindo também algumas substâncias não proteicas.
Por vezes surgem deposições de substância hialina em diversos tecidos, substituindo o normal.
Este excesso de proteínas pode dever-se a factores como alterações do metabolismo, problemas na filtração ou mesmo à ingestão excessiva de proteínas. 


Microscopicamente, tem uma aparência rosada, acidófila, e sem estrutura.
Macroscopicamente, tem um aspecto esbranquiçado.

Imagem 1: Músculo com deposição de substância hialina (fonte: http://w3.vet.cornell.edu).



Gotas hialinas
Podem ser encontradas no citoplasma das células epiteliais dos tubos contornados renais, correspondendo a uma excessiva reabsorção de proteínas do lúmen dos tubos renais (por endocitose). Surgem por alteração da permeabilidade glomerular.
Pode verificar-se, num indivíduo onde isto se passe, a proteinúria (excesso de proteínas na urina).

Cilindros hialinos
Presença de substância hialina nos tubos renais, formando cilindros (molde dos tubos) sólidos.
Visível microscopicamente, é uma substância rosada presente no lúmen dos tubos renais. Mais difícil de ver macroscopicamente, tem aspecto esbranquiçado. 

Hialinose arteriolar
A substância hialina deposita-se entre as fibras musculares da parede das arteriolas. Observa-se o espessamento da parede do vaso e a consequente diminuição do lúmen.

Pneumopatias com a presença de membranas hialinas
Formam-se pseudo-membranas ao nível dos bronquíolos terminais, canais alveolares e alvéolos e há um aumento da permeabilidade vascular. A substância hialina adere aos alvéolos perturbando as trocas gasosas.
Microscopicamente, é possível verificar a existência de uma "pseudo membrana" de substância hialina aderente aos alvéolos.

Imagem 2: Pulmão microscopicamente, com membrana hialina (fonte: http://w3.vet.cornell.edu).

Imagem 3: Pulmão macroscopicamente, com membrana hialina (fonte: http://w3.vet.cornell.edu).
De placas hialinas para fibrose:
Num processo inflamatório agudo há edema por alterações da permeabilidade vascular. Se este não é reabsorvido pode haver formação de placas hialinas aderentes à parede dos vasos, o que progride para uma fibrose. É um fenómeno raro.