quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Degenerescência e Necrose

DEGENERESCÊNCIA


Alteração da célula a nível citoplasmático, mantendo-se o núcleo normal. É, assim, reversível. 
- Hidrópica - há entrada água, e verifica-se o aumento de volume da célula com a formação de vacúolos; observam-se alguns espaços vazios e o citoplasma encontra-se mais à periferia;
- Vacuolar – maior quantidade de vacúolos claros, é considerado um tipo mais grave de degenerescência hidrópica;
- Balonizante – há uma lesão selectiva da membrana, que possibilita a entrada de uma grande quantidade de água; célula ainda mais volumosa, com quase todo o espaço intracelular cheio de água, estando o citoplasma claro e homogéneo.


Imagem 1: Degenerescência multifocal do miocárdio (fonte: http://w3.vet.cornell.edu).
Imagem 2: Degenerescência muscular multifocal da língua de um bovino (fonte: http://w3.vet.cornell.edu).



NECROSE


Fenómeno patológico que atinge grupos de células. Provoca alterações a nível tanto citoplasmático como nuclear.
Picnose – condensação da cromatina, os núcleos ficam completamente redondos 
Cariorrexis – fragmentação do núcleo
Cariólise – destruição completa do núcleo, podendo ainda observar-se na célula uma “sombra”, rosa claro, onde esta se encontrava.
 
Tipos de Necrose:
  • de Coagulação
Ocorre na maioria dos tecidos.
A estrutura membranar das células mantém-se, verificando-se alterações mais notáveis no núcleo.  Aspecto denso, opaco e granuloso do citoplasma. Ocorre por coagulação das proteínas.
Macroscopicamente, caracteriza-se pela existência de um foco branco na zona necrosada. No entanto, pode haver uma hemorragia na mesma zona, o que leva a que este fique com uma coloração vermelha escura.
  
                de Zencker:
Dá-se especificamente no músculo estriado esquelético.
Macroscopicamente, tem um aspecto claro. No entanto, é mais acidófilo/vermelho microscopicamente.
Imagem 3: Necrose de coagulação multifocal (fonte: http://w3.vet.cornell.edu).
Imagem 4: Necrose de coagulação no membro pélvico de um vitelo (Fonte: http://w3.vet.cornell.edu/nst)

Imagem 5: Necrose de Zencker microscopicamente (fonte: http://w3.vet.cornell.edu).

  • Supuração
Caracteriza-se pela formação de pus. Há a presença de vários tipos de células e tecidos, bactérias, e principalmente polimorfonucleares neutrófilos, estes últimos em grandes quantidades e que se encontram nas preparações microscópicas tanto vivos como mortos.
Encontra-se rodeado por  uma cápsula de tecido conjuntivo fibroso, formando um abcesso.
Imagem 6: Necrose de supuração provocada por leishmaniose (fonte: http://www.anaisdedermatologia.org.br).

Imagem 7: Pulmões de Suíno com necrose de supuração (fonte: http://w3.vet.cornell.edu).



  • Liquefacção
Ocorre somente no sistema nervoso, uma vez que as células presentes neste têm pouca quantidade de proteínas coaguláveis. A estrutura e as membranas não são mantidas, desaparecendo e fazendo parte da substância liquefeita. Ao microscópio, observamos espaços vazios.
Imagem 8: Cérebro com necrose de liquefação (fonte: http://education.vetmed.vt.edu).


Imagem 9: Macrófagos numa necrose por liquefação (fonte: http://education.vetmed.vt.edu).

  • Gordura
No tecido adiposo. Os lípidos formam sabões porque os ácidos gordos se misturam com os iões K+, Ca2+ e Na+. Estes não se dissolvem e possuem cores muito diferentes, visíveis microscopicamente. Encontram-se zonas arroxeadas, correspondentes a calcificações.
Macroscopicamente é opaca, sem brilho, semelhante a cera.
Microscopicamente encontram-se adipócitos com substância rosada / azulada.
Imagem 10: Necrose gorda e formação de sabão no omento de um ovino observada microscopicamente (fonte: http://education.vetmed.vt.edu).

Imagem 11: Necrose gorda no intestino e no mesentério de um bovino observada macroscopicamente (fonte: http://education.vetmed.vt.edu).

  • Caseificação
Causada pela Tuberculose. Ocorre a coagulação de gorduras e proteínas.
Macroscopicamente, aspecto friável, gorduroso, seco, sem consistência.
Microscopicamente, sem estrutura, um aglomerado de massa amorfa indeterminada, com área rosa necrosada e restos de núcleos mais escuros.
Possui uma reacção inflamatória característica à volta – é o que nos permite distingui-la.

Imagem 12: Neucrose de Caseificação no ovário de um bovino observada microscopicamente (fonte: http://w3.vet.cornell.edu).

Imagem 13: Ovário e endométrio de um bovino que sofreram neucrose de caseificação observados macroscopicamente (fonte: http://w3.vet.cornell.edu).



quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Rim - Trombo invadido por Tecido Fibroso



A primeira aula prática.

Foi-nos dada uma série de preparações do mesmo órgão (seriado), um Rim, que observámos ao microscópio com o propósito de tentar observar e descrever alterações que visualizássemos.
O diagnóstico foi feito em grupo e, considerando as alterações encontradas, concluímos que o Rim possuía um Trombo.

Um trombo corresponde, no fundo, a um coágulo de sangue que se forma, contendo este uma mistura de plaquetas, glóbulos brancos e vermelhos, e também fibrina. O trombo pode evoluir das seguintes maneiras:
  • em êmbolo, ou seja, desprender-se e viajar pela corrente sanguínea;
  • ser invadido por bactérias, seguidamente por polimorfonucleares neutrófilos e, por consequência, de pus;
  • ou tornar-se principalmente um aglomerado de tecido conjuntivo fibroso, por uma larga proliferação de fibroblastos neste, com a presença de muita fibrina e matéria necrosada – material amorfo.
Este último caso foi o verificado nas preparações.

O trombo provocou uma situação de isquémia (falha na circulação sanguínea) nas células que dependiam da artéria renal, levando assim à necrose destas por falta de nutrientes e, principalmente, oxigénio. Encontrámos por isso células necrosadas, bem como focos de tecido linfóide (linfócitos, neutrófilos, plasmócitos) nas preparações.
Também se encontraram vasos preenchidos por tecido fibroso, derivado da evolução que o trombo sofreu.
Estas fotos ilustram alterações típicas que seria possível visualizar nesta situação.


Figura 1: Trombo invadido por tecido fibroso (original).
Figura 2: Células que sofreram um processo de cariólise (original).
Figura 3: Trombo invadido por tecido fibroso, sendo possível observar fibroblastos (original).

domingo, 26 de setembro de 2010

O começo do blog.

A ideia da criação do “Patologiando” surgiu na primeira aula de Patologia Geral.
O professor sugeriu que os alunos, se interessados, criassem um Atlas de Patologia. Afinal de contas, é um bom método de estudo.

Pegando nesta ideia, pensei em fazer algo a que todos pudessem ter acesso. Nada melhor do que criar um blog, para publicar algo que os interessados pelo assunto possam ver.
Expus a minha ideia a alguns colegas, que decidiram alinhar no desenvolvimento dela.

Assim, aqui está. Patologiando, um blog de Patologia, um atlas, uma forma de estudar e de informar, feito por um grupo de alunos da Faculdade de Medicina Veterinária de Lisboa.

Espero que este blog seja tão útil aos que o visitam quanto é para aqueles que o desenvolvem.
Disfrutem.



Mariana Santos e Marina Baltar